Os esforços para transformar em santo o papa Pio 12, no comando do Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial, foram paralisados porque o papa Bento 16 deseja um estudo mais aprofundado de alguns documentos, afirmou um jornal da Itália na terça-feira.
(Fonte: O Globo Online) - Segundo o Il Giornale, o líder católico decidiu criar uma comissão dentro de seu Secretariado de Estado, o órgão diplomático do Vaticano, para rever antigos documentos da época da Segunda Guerra e analisar novos documentos surgidos recentemente.
Alguns judeus acusam Pio 12, no comando da Igreja Católica de 1939 a 1958, de ser indiferente em relação ao Holocausto e de não se manifestar contra Hitler. Os defensores do papa vêem nele um homem santo que trabalhou desde os bastidores para ajudar os judeus na Europa toda.
Em maio passado, o departamento do Vaticano responsável pelos processos de canonização aprovou um decreto reconhecendo as "virtudes heróicas" de Pio 12, superando assim um obstáculo importante nos esforços para transformá-lo em santo, iniciados em 1967.
Mas, até agora, Bento 16 não sancionou o decreto, o que significa que o processo continua paralisado e que Pio 12 não pode ser beatificado, o primeiro passo rumo à canonização.
O repórter responsável pela informação, Andrea Tornielli, que escreveu quatro livros sobre Pio 12, disse que o Vaticano não questionava a santidade dele, mas se preocupava com as conseqüências de transformá-lo em santo cedo demais.
Um porta-voz do Vaticano disse que não poderia confirmar se o papa havia ou não criado uma comissão interna.
Integrantes do Vaticano dizem que cardeais aconselharam Bento 16 a diminuir o ritmo do processo de canonização de Pio 12 devido o eventual impacto dele sobre as relações com os judeus e com Israel.
O Vaticano argumenta que o papa da época da Segunda Guerra não deu declarações mais contundentes contra o Holocausto porque temia provocar uma reação nazista e tornar ainda mais difícil a vida dos católicos e dos judeus.
Defensores dele dizem que Pio 12 mandou igrejas e conventos de Roma receberem judeus depois de os alemães terem ocupado a cidade, em 1943.
Vários grupos judaicos, em especial a Liga Antidifamação, com sede nos EUA, já pediram que o Vaticano suspenda o processo de canonização enquanto não divulgar todos os seus documentos secretos referentes à Segunda Guerra.
Luis Martins
Conferencista
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